ENTREVISTA

Eleições 2020: Quilombo Periférico levará para a Câmara Municipal de SP a tradição de se aquilombar

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Elaine Mineiro, Alex Barcelos, Débora Dias, Júlio Cesar, Erick Ovelha e Samara Sosthenes integram a chapa Quilombo Periférico (PSOL), eleita neste domingo com 22.742 votos.

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A moradora da Cidade Tiradentes, Elaine Mineiro no centro da foto, foi a representante oficial da chapa nas urnas.

Com uma campanha abraçada por diversos setores da sociedade civil, como o movimento negro, educação popular e cultura periférica, a Chapa Quilombo Periférico levará para a câmara Municipal de SP a cultura de se “aquilombar”.

“Isso não é um projeto só de São Paulo. Isso é um projeto de nação de um povo. É muito importante que as pessoas entendem que quando a gente fala aquilombe-se é para se aquilombar. É para abrir esse gabinete para as pessoas saberem como funciona. É para politizar e trazer consciência e socialização da política para o nosso povo e para nossa quebrada”, explica Alex Barcelos, um dos integrantes do mandato coletivo.

A chapa Quilombo Periférico é composta por moradores de territórios periféricos localizados no Jardim São Luís, Campo Limpo, Sapopemba, “Esse é um mandato que tem cor, ancestralidade e raiz”Guaianases, Cidade Tiradentes e Centro. 

Esse é um mandato que tem cor, ancestralidade e raiz

Alex Barcelos

O mandato coletivo chega com a promessa de inovar o fazer político na Câmara Municipal de São Paulo, pelo fato de ter representantes do mandato compromissados e engajados na luta por direitos sociais em diferentes territórios, mudando a lógica de atuação dos vereadores que tem uma atuação focada em apenas uma determinada região da cidade.

Alex enfatiza que o mandato foi construído por diversão mãos, corpos, olhos, bocas e ouvidos. “Esse é um mandato que tem cor, ancestralidade e raiz. É uma construção que só faz sentido porque ela é coletiva e em rede, com pessoas que existem e circulam por lugares que em muitas vezes são desconsiderados pelo próprio sistema”. 

Em post no perfil oficial do Facebook, o Quilombo Periférico pediu aos seguidores para colocar Racionais MC´s para  celebrar a conquista histórica. 

A gente vai escrever outra história com territorialidade, ancestralidade e feita pelo povo

Alex Barcelos

Sem depender do apoio do Governo e sem mesmo ocupar cargos na política institucional, os membros da chapa Quilombo Periférico carregam consigo a cultura política de criar soluções criativas e coletivas para solucionar problemas estruturais causados pela ausência do Estado e de políticas públicas que deveriam atender os problemas e demandas dos moradores das periferias e favelas de São Paulo.

Em 2021, quando ocorrer a posse de vereadores na Câmara Municipal de São Paulo, a chapa Quilombo Periférico buscará representar os moradores que vivem às margens da sociedade nas periferias e favelas. “Na situação econômica e política deste país e cidade se faz necessário um mandato igual ao Quilombo Periférico, que represente as margens, periferias, vielas, quebradas, favelas, com seis corpos que constroem lastro nas ruas, pisando no barro e estando próximo ao povo”, afirma Barcelos.

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Coletivos debatem eleições nas redes sociais com moradores da quebrada

 A partir da valorização da micropolítica, iniciativas de movimentos sociais e de educação popular estão transformando as plataformas digitais em locais para discutir a cidade e exercer a participação política nas periferias de São Paulo.


https://www.desenrolaenaomenrola.com.br/quebrada-tech/coletivos-debatem-eleicoes-nas-redes-sociais-com-moradores-da-quebrada

O educador e produtor cultural têm um histórico de atuação frente a projetos de geração de renda e trabalho para juventudes, artistas e empreendedores locais. À base dos ensinamentos da economia solidária, ele vem buscando formas de estruturar um ecossistema social que valoriza o fluxo de recursos financeiros que circulam pelos bairros e que podem gerar trabalho e renda aos moradores, que historicamente vivenciam a dura realidade do desemprego.

“A gente vai escrever outra história com territorialidade, ancestralidade e feita pelo povo, para fazer reparação histórica na cidade mais racista do país, onde se constroem praças, ruas e monumentos dos brancos racistas”, conclui o futuro co-vereador do Quilombo Periférico. 

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