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Pandemia aproxima empresa comunitária de internet de moradores da Cidade Ademar

Edição:
Ronaldo Matos

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Graças aos serviços prestados por uma empresa que fornece fibra óptica nas periferias de Diadema e em bairros da Cidade Ademar, zona sul da cidade de São Paulo, moradores relatam que conseguiram emprego e acesso a entretenimento durante a pandemia. 



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O departamento de atendimento e vendas da empresa é formado somente por moradoras do bairro. (Foto: Tamires Rodrigues)

Além da pandemia de coronavírus, outro fator importante para gerar aumento nas vendas de planos de internet da VeloxNet, uma pequena empresa comunitária que fornece fibra óptica no distrito da Cidade Ademar, zona sul de São Paulo e nas periferias de Diadema, município do ABC paulista, foi o desinteresse das grandes operadoras de telecom em atender os moradores da região.

Moradores, comércio local e serviços essenciais conseguiram acesso a internet para manter uma rotina de trabalho graças aos serviços oferecidos pela empresa. “A gente percebe o quanto o morador da periferia é deficiente da parte de tecnologia, de internet, a gente vê um pré-conceitos das grandes operadoras,” relata Marcelo Vicente, 52, um dos sócio-fundadores da empresa.

Vicente conta que tem ciência que nesse momento de pandemia a empresa está prestando um serviço essencial para moradores das periferias, e o cuidado e a escuta está sendo o melhor meio de comunicação entre a empresa e o cliente. “No meio da pandemia estamos com um serviço de extrema necessidade e tivemos que nos proteger, tivemos que entender e conversar com nossos funcionários dizendo: ‘todo mundo vai precisar da gente’, então a gente fez aqui um protocolo anti-Covid”.

O sócio fundador acredita que a empresa precisa se adaptar ao ritmo dos moradores para pensar não só em lucro, mas também em suas necessidades básicas. “A gente acha que assim, independente de nós termos uma empresa, que ela é fins lucrativos , ela é uma empresa que precisa gerar lucros, mas a gente entende também que a gente vive em um outro mercado, um mercado que a gente tem que ter hoje um entendimento de duas mãos”.

Assim que iniciou a pandemia, a empresa começou a adaptar os prazos de pagamento, dando um prazo maior para os clientes que ia 30 a 60 dias para pagar as mensalidades pendentes. Com essa medida, Vicente relata que muitos moradores conseguiram se adequar ao pagamento e o consumo até aumentou.

“O consumo na pandemia triplicou. Todo mundo em casa, todo mundo necessitado de usar internet , muitas pessoas trabalhando em casa, as crianças que não iam pra escola precisando de internet”, avalia o sócio-fundador da VeoxNet, justificando a alta demanda pelo fato da pandemia aumentar a concentração de moradores confinados em suas casas nos bairros atendidos.

“No pior período da pandemia, entre Março e Abril, nós isentamos a taxa de ativação, e colocamos taxa zero para pessoa só ter a despesa após 30 dias de utilização”, ressalta Vicente, afirmando que ao sentir o crescimento da demanda, a empresa tentou entender as necessidades dos moradores para flexibilizar formas de pagamento.

Atualmente a empresa oferece planos com velocidades de 20, 30, 45, 70 e 120 megas. Os preços variam entre 69,90 e 129,90. Outra media para atender o aumento nas vendas e instalação foi estender o horário de funcionamento, fazendo plantões de suporte aos moradores aos domingos e aumentando o quadro de funcionários.

Nos últimos 60 dias, a empresa contratou 10 funcionários novos para ajudar a organizar as demandas. “Hoje em nossa política de trabalho, nós só pegamos pessoas para trabalhar conosco da comunidade, mesmo que não tenham experiência, pegamos e treinamos”, diz Vicente.

Letícia Abrahão, 22, é moradora do Jardim Ubirajara, um dos bairros que fazem parte distrito da Cidade Ademar, território onde a VeloxNet atua. Ela foi contratada pela empresa há 30 dias para trabalhar no setor de vendas e recepção. Ela conta que já estava atrás de emprego até essa oportunidade aparecer, por meio de uma amiga.

“Tava atrás há muito tempo, foi difícil, mas consegui”, conta Letícia, lembrando que antes da pandemia já estava frustrada por não ser contratada em nenhum lugar e complementa: “foi bem difícil quase ninguém tava contratando”.

Ao descrever sua rotina e as facilidades sobre o que é trabalhar perto de casa, Letícia enfatiza algumas vantagens. “Muito bom não acordar muito cedo assim, e fazemos os nossos deveres”. Atualmente a moradora leva no seu percurso de casa para seu trabalho 20 minutos. Mas relembra que nem sempre foi assim e já chegou a passar uma hora e meia para chegar ao antigo trabalho. Ela relembra essa experiência e descreve que era “cansativo demais”.

O sócio fundador acredita que esse impacto na vida da colabora tem uma conexão direta com o fato de a empresa apoiar o desenvolvimento da economia local. “A gente vai almoçar no bar da esquina, a gente vai arrumar o pneu no borracheiro da esquina, a gente vai trocar um vidro no vidraceiro da esquina, hoje nós somos consumidores do bairro também, não saímos daqui pra fazer nada, entendeu?”, finaliza Vicente.

“Eu usava a Vivo, uma empresa que faz descaso com o cliente”

Morador do bairro Cidade Julia, localizado no distrito de Cidade Ademar, Robson Willian, 27, é cliente há nove meses da VeloxNet. “Eu a conheci através de um amigo que postou em uma rede social sobre como ela era estável e a primeira internet de fibra da região”, relembra o morador.

Robson só assinou o plano de internet com a VeloxNet , pois a antiga empresa que fornecia internet em sua casa fazia total descaso dos serviços prestados.

“Eu usava a Vivo, uma empresa que faz descaso com o cliente. Ela não atendia, não dava suporte. A internet era muito ruim. Aqui na região antigamente só existia a Vivo, então nós ficávamos muito limitados em realizar algumas tarefas , até pra assistir filmes no Netflix, só poderia se alguém não estivesse navegando em nada”, conta o morador.

Robson ressalta que a falta de investimento de outras empresas na região possibilitou que ele e outros moradores do bairro consumissem uma internet de má qualidade, pra ter o mínimo de acesso digital.

O morador faz uma comparação com a empresa que prestava serviço antigamente e a de hoje. “Além da qualidade absurda do serviço, o preço é acessível, o suporte é rápido, eles são flexíveis em questão de datas onde você pode negociar a data que gostaria do pagamento. São coisas que a outra empresa não fornecia, agora se eu estivesse com a Vivo, não estaria fazendo nem um terço do que estou fazendo”.

Robson utiliza a internet para gerar renda produzindo lives de jogos online nas redes sociais.

Nesse momento, Robson está passando a maior parte do tempo em casa. Consciente da importância de estar conectado com o mundo digital, ele não consegue imaginar como seria ficar sem acesso à internet durante a pandemia. Hoje, ele depende da internet para desenvolver a sua vida profissional, focada na produção de streaming de jogos em seu canal na Twitch TV.

“Fui demitido no início da quarentena e estou procurando emprego”, diz o morador, que utiliza a internet para gerar renda e acessar entretenimento. “Meu maior consumo é na realização de streaming, além de levar um entretenimento legal pra galera, consigo alguns trocados para ajudar nas contas de casa, uso também para games online e alguns cursos”.

Essa semana Robson diz que teve um incidente em seu bairro, no qual um caminhão passou e arrebentou o fio da fibra e em consequência desse fato ele ficou sem acesso à internet. “Isso quebrou uma sequência de lives que eu estava fazendo”, afirma ele, enfatizando que devido a pandemia houve uma demora maior que a normal para solucionar o problema, porém o suporte já foi em sua casa e restabeleceu a velocidade contratada no plano. “Entendemos que não tem como fazer suporte 100% em tempos de quarentena”, conclui o morador, destacando que está feliz por poder retomar a sua rotina de realização de streaming em seu canal de games.

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